quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O Homem Organizacional e a Organização

A administração, na construção da sua visão do Homem, submete este a sua experiência social na construção do conceito de Homem Organizacional. Nas palavras de CHIAVENATO, o Homem Organizacional é fundamentado nos seguintes princípios:
  • o homem é submisso à organização;
  • o homem participa de várias organizações, passando a depender delas para nascer, viver e morrer;
  • o homem deve se adaptar à organização para sobreviver;
  • o desejo de obter recompensas materiais e sociais faz com que o indivíduo desempenhe vários papéis sociais no trabalho;
  • o homem organizacional é flexível, resistente à frustração, capaz de adiar recompensas e o desejo permanente de realização.
Qual é o limite a relação entre a estrutura organizacional cultural e produtividade da empresa? Ou seja, até que momento o modelo social cultural será mantido ao custo de uma performance indesejada? Perguntas como esta nos remete a um profundo questionamento acerca a teoria apresentada por Collins e Porras em Building your Company's Vision e que nos permite entender como estabelecer as bases culturais que se submeterá o Homem Organizacional.

A construção da Base Estratégica Corporativa, na visão destes autores, fundamenta-se na definição de dois elementos essenciais na construção do alicerce na qual será construída a cultura organizacional. De um lado temos os Core Value e Core Purpose, representando a parte estática da base estratégica, e do outro a Envisioned Future representando a aspecto dinâmico, ou seja mutável com o tempo. Focaremos no aspecto estático, também chamado de Core Ideoligy.

Na construção da base estratégica será definida a razão de ser da organização e seu conjunto de valores e princípios. Considerando o caráter estático destes fragmentos culturais, como considera-los diante das fortes transformações sociais e culturais do ambiente? Na dimensão operacional e estratégica as transformações são absorvidas por uma série de técnicas que buscam viabilizar a definição e melhoria rápida dos processos de negocio das organizações. No entanto tais transformações são voltadas principalmente para os aspectos que afetam, direta ou indiretamente, o mercado da organização. O que fazer com transformações acentuadas na estrutura social e cultural do ambiente que se chocam com a ideologia central da organizal? É importante perceber neste ponto que os impactos de tais transformações na estrutura de mercado não é o foco deste debate, uma vez que tais transformações são tratadas pela redefinição estratégica da organização. Por outro lado, o que fazer quando esta base estratégica estiver em sentido oposto às transformações na estrutura social cultural do ambiente da organização?

Seria o Homem um ser organizacional submetido totalmente a estrutura social cultural de sua empresa a ponto de ser obrigado a se opor aos valores de seus grupos sociais primários? Como conciliar esta visão diante de um mundo de transformações instantâneas e diferenças culturais marcantes? Empresas se projetam mundialmente, ultrapassam diversas fronteiras culturais, e mesmo assim fundamentam se dentro de uma única base de valores e princípios? Seria ético manter uma estrutura social cultura na contra-mão da sociedade regional com o objetivo de maximizar lucros e realizar metas estratégicas?

Se um dia o desafio foi o rápido fluxo de capitais, mudanças tecnológicas, migração de mão de obra e transformações no mercado, o que fazer diante de um mundo pequeno com valores tão diferentes e com transformações sociais e culturais cada vez mais rápidas?! Pode ainda alguma coisa numa organização ser estática?


Dialógica

Da série, Pensamentos já Pensados, o Filósofo e Sociólogo Edgar Morin e a Dialógica...

"O termo dialógico quer dizer que duas lógicas, dois princípios, estão unidos sem que a dualidade se perca nessa unidade: daí vem a idéia de ‘unidualidade’ que propus para certos casos; desse modo, o homem é um ser unidual, totalmente biológico e totalmente cultural a um só tempo.
Três também pode ser um. A teologia católica mostrou isso na trindade onde três pessoas formam um todo, sendo distintas e separadas. Belo exemplo de complexidade teológica onde o filho torna a gerar o pai que gera e onde as três instâncias se geram entre si. A dialógica da Terra precisa ser concebida de um modo diferente, mas igualmente difícil. Por quê? Porque ela continua andando sobre quatro pernas diferentes. Ela anda sobre a perna do empirismo e sobre perna da racionalidade, sobre a perna da imaginação e sobre a da verificação. Acontece que sempre há dualidade e conflito entre as visões empíricas que, no máximo, se tornam racionalizadoras e lançam para fora da realidade aquilo que escapa a sua sistematização. Racionalidade e empirismo mantém um diálogo fecundo entre a vontade da razão de se apoderar de todo o real e a resistência do real à razão. Ao mesmo tempo, há complementariedade e antagonismo entre a imaginação que faz as hipóteses e a verificação que as seleciona. Ou seja, a ciência se fundamenta na dialógica entre imaginação e verificação, empirismo e realismo.
A ciência progrediu porque há uma dialógica complexa permanente, complementar e antagonista... (...) A dialógica comporta a idéia de que os antagonismos podem ser estimuladores e reguladores.
A palavra dialógica não é uma palavra que permite evitar os constrangimentos lógicos e empíricos como a palavra dialética. Ela não é uma palavra-chave que faz com que as dificuldades desapareçam, como fizeram durante anos, os que usavam o método dialético. O princípio dialógico, ao contrário, é a eliminação da dificuldade do combate com o real."

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A Riqueza pela Pobreza

"Se pararmos de pensar nos pobres como vítimas ou como um fardo e começarmos a reconhecê-los como empreendedores incansáveis e criativos e consumidores conscientes de valor, um mundo totalmente novo de oportunidades se abrirá".

Assim introduz C.K. Prahalad em seu fantástico livro A Riqueza na Base da Pirâmide, o premiado estrategista abre nossos olhos neste trabalho para as estratégias de geração de renda e inclusão social focado nos grupos da base da pirâmide social. Mas afinal de contas, como gerar renda diante de pessoas que vivem com menos de 2 dolares por dia?

Para começar Prahalad sugeri a superação de certos pressupostos que estabelecem paradigmas na avaliação de mercados da base da pirâmide. A seguir listemos dois deles.

"Os pobres não são nossos consumidores alvo; eles não têm condições de adquirir nossos produtos e serviços"

Certo, como considerar um mercado compostos de famílias que vivem com menos de 2 dolares por dia? Vamos mudar o foco da pergunta, é possível considerar um mercado composto de milhões de famílias que vivem com menos de 2 dolares por dia? Tomemos a China como exemplo, a Índia, México e até mesmo o Brasil, se grosseiramente assumirmos que juntos temos 300 milhões de famílias na linha de pobreza, e assumirmos 2 dolares por dia a composição do poder de compra destas famílias, nossa matemática dará aproximadamente um poder de compra na ordem de 18 bilhões de dolares! E agora? Isso esta começando a soar melhor como um mercado?

"É do conhecimento geral a suposta dificuldade de acesso à distribuição nos mercados da base da pirâmide, o que representaria um imenso impedimento à participação de grandes empresas e corporações multinacionais."

Um outro conceito tratado pelo autor que cabe comentar é o Imposto da Pobreza. Segundo o autor em algumas comunidades de baixa renda na Índia as pessoas chegam a pagar até 25 vezes mais pelos mesmos serviços oferecidos em comunidades de alta renda. E isso não é um caso indiano, é universal, acompanha o mapa da pobreza por todo mundo, como isso é possível? Simples, monopólios locais, creditos vindouros de agiotagem, deficiente acesso a serviços básicos como abastacimento de água, energia elétrica, etc.

A simples inexistência de processos de negócio e canais de abastecimento dedicados a atender comunidades de baixa renda obriga a uma diferenciação de preços com o objetivo de adequar as margens de lucro aos custos originários dos inadequados processos e canais de distribuição utilizados pelas empresas para atingir estas comunidades. Atingir mercados da base da pirâmide significa desenvolver estratégias específicas e dedicadas para tal, nos remete a buscar uma maneira nova de pensar e romper certor pressupostos acerca tais mercados e como explora-los. A dificuldade de acesso dos canais tradicionais aos mercados da base da pirâmide em si representa um desses pressupostos. Um caso simples e local de superação desse pressuposto é a AVON no Brasil, que através de uma rede de consultoras e produtos de valores acessíveis atinge as mais remotas comunidades brasileiras permitindo a inclusão das mais diversas comunidades ao seu mercado de produtos.

Este post tem como objetivo introduzir o leitor nas idéias de Prahalad. Isso não terminará aqui, pretendo continuar este assunto e tratar de diversos outros aspectos relacionados a esta fantástica e emergente ideia.

Os venezuelanos mereciam era o SIM

E eis que o Caudilho sul americano se cala... ao menos "por enquanto"... repetindo suas próprias palavras. A vitória do não na Venezuela é uma vitória para a Democracia sul americana, mas a verdade é que os venezuelanos mereciam o SIM! Observemos os fatos, o movimento de oposição na venezuela é dividido, se absteve de sua representação legislativa e seu povo, utilizando de prática não muito diferente, com uma abstenção de quase 50% não comparece nas urnas. O referendo venezuelano do ponto de vista político, social e econômico representa um dos mais importantes marcos na vida do povo venezuelano, e o que vemos? Uma numerosa abstenção! Que é isso? Falta de engajamento político, desinteresse com o cotidiano político, descrença com a própria democracia e seus rumos? Não sei... mas esta situação tende apenas a conduzir a Venezuela ao ostracismo político e econômico no quadro internacional... e enquanto isso seu povo, ou a quase maioria deste, contenta-se em ser um agente passivo de uma série de decisões que queiram eles ou não influenciará para sempre suas gerações. É ... os venezuelanos mereciam o SIM, como resultado de sua passividade e sua falta de envolvimento político... povo de sorte.